Outra matéria confusa ao entendimento do movimento espírita refere-se à promessa feita por Jesus quanto ao seu retorno. Mais uma vez, o seu legado não testifica a opinião corrente de que o Mestre não retornaria porque o surgimento do espiritismo já seria o cumprimento da sua promessa em retornar.
Especificamente sobre o Segundo Advento do Cristo, Kardec jamais apresentou a tese de que o surgimento do espiritismo já seria a tão esperada volta de Jesus. Ao contrário. Na sua preocupação de realçar o que era opinião dos espíritos e o que era a sua própria, diante dos aspectos das verdades evangélicas, procurou ele dizer claramente, na página 389 do capítulo XVII, denominado "Predições do Evangelho", do livro A Gênese, que "Jesus anuncia o seu segundo advento, mas não diz que voltará à Terra em um corpo carnal, nem que personificará o Consolador. Apresenta-se como tendo de vir em Espírito, na glória de seu Pai, a julgar o mérito e o demérito e dar a cada um segundo as suas obras, quando os tempos forem chegados."
Fez mais. Ao desencarnar, em contato agora com a realidade maior da vida, o espírito de Kardec percebeu a desagregação que já começava a existir no seio do movimento como também as preocupantes deformações no teor do seu legado. Resolveu, então, continuar, mesmo desencarnado, com o seu trabalho esclarecedor. Em 1888 e 1889, através do médium Frederico Junior, da Sociedade Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro, começou a transmitir uma série de mensagens para os espíritas, chamando desesperadamente a atenção de todos para o porvir. Essas mensagens foram, então, enfeixadas pela Federação Espírita Brasileira num opúsculo com o nome de "Ditados de Allan Kardec",
para distribuição gratuita.
Dizia, portanto, essa mensagem - que hoje, através da FEB, está presente, dentre outras, na quadragésima edição do Livro "A Prece Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec - o seguinte: "Se o Evangelho não se tornar realmente em vossos espíritos um broquel, quem vos poderá socorrer, uma vez que a Revelação tende a absorver todas as consciências, emancipando o vosso século? Se o Evangelho nas vossas mãos apenas tem a serventia dos livros profanos, que deleitam a alma e encantam o pensamento, quem vos poderá socorrer no momento dessa revolução planetária que já se faz sentir, que
dará o domínio da Terra aos bons, preparados para o seu desenvolvimento, que ocasionará a transmigração dos obcecados e endurecidos para o mundo que lhes for próprio?"
"Que será de vós?... Quem vos poderá socorrer - se à lâmpada de vosso Espírito, faltar o elemento de luz com que possais ver a chegada inesperada do Cristo (grifo do autor), testemunhando o valor dos bons e a fraqueza moral dos maus e dos ingratos?"
"Esses pontos do Evangelho de Jesus Cristo, apesar de Revelação, ainda não provocaram a vossa meditação?"
"Este eco que reboa por toda a atmosfera do vosso planeta, dizendo - os tempos são chegados! - será um gracejo dos enviados de Deus, com o fim de apavorar os vossos espíritos?"
Se o codificador, já desencarnado, referiu-se à chegada inesperado do Cristo ainda por acontecer, como podem os espíritas afirmar que Cristo não retornará porque o surgimento do espiritismo
já seria o retorno prometido?
Mas qual a relação de importância entre a questão extraterrestre e a volta de Jesus?
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