FONTE: REVISTA UFO 103
Dar por sabido aquilo que ainda se pretende descobrir é atitude que, das duas, uma: revela a postura cômoda de quem não é muito afeito à verificação ou a de alguém que, diante da aparente impossibilidade de poder saber, entroniza a crença como instrumento decodificador da realidade a sua volta.
O Tao, conjunto de preceitos filosóficos apontados pelo mestre chinês Lao Tse e seus seguidores, há muito recomenda prudência aos que tentam - e ainda bem que tentam - compreender o todo que os envolve, dizendo,
“Aquele que conhece a própria ignorância revela alta sapiência.
Aquele que ignora a própria ignorância vive em profunda ilusão.
O sábio conhece o seu não saber.
O conhecimento do seu não saber o preserva de toda ilusão.”
A forma mais tragicômica com a qual o ser humano normalmente costuma se iludir é a de pensar que sabe muitas coisas. Pelo fato de ignorar que nada sabe, vive, portanto, a iludir-se, pensando ser doutor em matérias que sequer foram ainda devidamente postas diante do seu entendimento, no curso da sua vida.
Respeitando os prudentes e sábios preceitos ofertados pelo Tao, o homem deveria ter consciência que, dentro do campo de observação que lhe é dado perceber através dos sentidos corporais coordenados pelo cérebro transitório (que só dá para uma vida pois nasce e morre com o corpo), é lícito que, através da metodologia científica, ele tente mapear o mundo observado a sua volta, formulando com segurança os preceitos acadêmicos que marcam o atual estágio evolutivo das muitas ciências que existem. Ainda assim, sobre o que lhe é dado observar, o ser terráqueo não sabe tudo e costuma equivocar-se bastante, até que as verdades científicas vão sendo estabelecidas sem maiores margens de dúvida.
Se assim é com o que objetivamente pode ser percebido, o que dizer sobre as realidades que estão situadas além do horizonte da sua capacidade de percepção? Deveria o homem pontificar a respeito daquilo que sequer consegue perceber com um mínimo de objetividade? Como traçar aparentes verdades sobre o que não pode ser objetivamente percebido pelo cérebro humano?
O inacreditável é que existe uma quantidade assombrosa de conceitos entronizados como "verdades", que nortearam e ainda norteiam a jornada desta humanidade, os quais jamais puderam ser objetivamente verificados pois pertinentes a aspectos de uma realidade maior que se situa muito além do horizonte da percepção humana. E que aspectos da realidade são esses ou, em outras palavras, quais são essas realidades? Resposta: a realidade espiritual e a cósmica ou, em outras palavras, os contextos espiritual e extraterreno.
A questão que agora se impõe é: quantas verdades existem estabelecidas sobre esses dois contextos?
Seria óbvio que, por questão de prudência intelectual e moral, o homem não se desse à irresponsabilidade de pretender pontificar sobre o que não lhe é possível sequer saber, na sua atual condição, se realmente existe ou não. O interessante é perceber que, devido ao modesto padrão evolutivo desta humanidade, se os seres que porventura possam existir nessas outras realidades não se propuserem a nos contatar, jamais poderemos, na atualidade, saber ao certo sobre as suas existências.
Não seria exatamente isso que vem acontecendo ao longo dos milênios? Ou serão somente produto da loucura dos escribas bíblicos as muitas narrações sobre anjos, carros de fogo e rodas voadoras, além da mania milenar que alguns seres humanos parecem ter inventado de contatar e venerar os espíritos dos seus ancestrais ou de serem por estes envolvidos?
Será que não seria prudente refletir sobre o fato da condição humana não poder avançar muito mais na direção das “realidades espirituais” e, exatamente por isso, os espíritos que nelas vivem começaram a manusear objetos (pranchetas, mesas, cadeiras) numa tentativa desesperada para chamar a atenção dos que estão no lado de cá da vida, para a existência da realidade espiritual? Será que não foi exatamente por estarem impossibilitados de falarem as mentes das pessoas, que resolveram construir uma estratégia para atuar sobre os objetos materiais chamando assim a atenção dos sentidos humanos para uma causa inteligente que não pertencia ao mundo dos “encarnados”?
Pois foi exatamente isso que aconteceu quando do surgimento da revelação espiritual, na França, codificada por Allan Kardec. E se assim fizeram os Espíritos, e revelaram páginas de sabedoria e de consolação tão singulares, não devem ter agido pela simples arte de fazer gracejos com a humanidade encarnada neste planeta, mas sim, por ser urgente e imperiosa a necessidade de se tentar esclarecer os orgulhosos terráqueos sobre outras fronteiras da existência cósmica, ampliando os limites da nossa limitada percepção e convidando-nos a evoluir em sabedoria e conhecimento.
E o fizeram sem impor "verdades", apenas ofertando sementes de luzes elucidativas para quem delas quisesse se servir. Já o mesmo não se pode dizer do movimento religioso que se formou a partir do postulado doutrinário-filosófico legado por Kardec, que, repetindo o equívoco de todas as religiões, pretende impor limites às possibilidades do progresso, caso este não se enquadre no que podem as mentes de alguns poucos que se auto-elegem autoridades em assuntos religiosos aceitar.
Por que não seria também prudente refletir sobre a atual impossibilidade dos que vivem na Terra se dirigirem a outros rincões do cosmos e, exatamente por isso, seres de outros orbes mais evoluídos estão preparando longamente esta humanidade para a convivência sideral? Com vistas a esse objetivo se deixam perceber em visitas furtivas e discretas, além de outras que nada têm de discretas, como se preparando o árido terreno do entendimento terrestre para a convivência futura. Se não for esta a opção que explica os fatos que envolvem a história desta humanidade, em relação aos Espíritos e Extraterrestres, qual a que deveria ser?
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