Durante muito tempo existiu o pensamento dominante que afirmava ser impossível ao cérebro adulto de um ser humano criar novos neurônios, sendo, portanto, o processo de envelhecimento celular que caracteriza a “idade madura” sinônimo de perda de inteligência ou, por outras palavras, a diminuição da capacidade de discernir, pensar etc.
A idade adulta traria, inevitavelmente, conforme a opinião reinante, a incapacidade cerebral de produzir bem, já que não se podia substituir os neurônios que iam “morrendo com o avançar da idade”.
Por volta de 1970, esse tabu começou a “cair por terra”, quando a ciência descobriu que em ratos adultos era possível a criação de novas células cerebrais. Assim, a neurogenese foi descoberta e, a partir dos seus postulados e de novas pesquisas, em 1988, verificou-se o mesmo em macacos adultos. Por fim, em 1998, percebeu-se que também nos seres humanos a neurogenese era possível.
No início de 1999, cientistas da Universidade de Princeton, de New Jersey, nos Estados Unidos, começaram a fornecer os primeiros indícios que comprovam a capacidade do cérebro humano de um adulto em criar novos neurônios através do esforço cerebral e também por meio de exercícios físicos.
Assim, o esforço cerebral só se dá quando questionamos, estudamos, pesquisamos, analisamos criteriosamente temas do nosso interesse, porque apenas estes nos permitem a devida postura no campo da concentração.
Quando não nos esforçamos, através de uma reflexão produtiva e persistente, não há atividade cerebral suficiente para que ocorra o processo de neurogenese.
Algumas religiões persistem em exigir dos seus seguidores a aceitação absoluta quanto às “verdades” que lhes caracterizam o conjunto das suas crenças e impedem qualquer tipo de questionabilidade. Na verdade, muitos hereges perderam a vida por terem questionados certos dogmas. Só é aceitável a crença, a dúvida jamais.
A crença, em si mesma, é uma postura íntima que pode levar a um certo comodismo que, por sua vez, produz a inércia mental, já que o cérebro se esforça pouco na pesquisa de uma nova aprendizagem. Dessa maneira, não há exercício cerebral e, não havendo o esforço da mente, sabe-se hoje que a neurogenese não ocorre.
Pode-se, então, concluir que a crença, da forma como é praticada na Terra, não faz bem à inteligência, já que não direciona o cérebro para a criação de novas sinapses – ligações nervosas entre os neurônios – que habilitam cada vez mais a inteligência humana na rota evolutiva.
Se não encararmos a nossa fé de forma racional, corremos o risco de transformar o nosso cérebro num instrumento decadente de percepção do mundo em que vivemos. Não foi por menos que a codificação espírita chamava a atenção de todos, já no século XIX, para o fato de que “antes de crer, era necessário compreender”.
O que pensar a respeito das posturas religiosas que, numa espécie de anacronismo perpétuo, defendem a crença fanática nos dogmas religiosos, impedindo todo e qualquer raciocínio? Será que, à luz do que hoje se conhece, é benéfico para a nossa inteligência submetermo-nos a qualquer tipo de credo que nos impõe a estagnação cerebral?
Com a resposta, a inteligência de cada um.
Jan Val Ellam
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