07 maio, 2006

29) REVELAÇÃO CÓSMICA - A REVELAÇÃO ESPIRITUAL - Parte 5 - (JAN VAL ELLAM)

FONTE: REVISTA UFO 103

O espiritismo, acertadamente, pontificou sobre os efeitos materiais promovidos por causas inteligentes situadas além do horizonte de observação comum aos que aqui vivem. E ofertou ao mundo, como caráter de revelação, para apreciação e análise dos que estão encarnados, através de muitas mensagens de caráter mediúnico - as quais ainda não aceitas pelo academicismo como algo cientificamente possível e comprovado - preceitos filosóficos, orientações e esclarecimentos diversos que dignificam a existência. E fizeram mais os Espíritos codificadores, pois, nas páginas produzidas por Allan Kardec, encontram-se referências claras e objetivas a respeito de "outras humanidades celestes".

Necessitamos, contudo, entender que "os espíritos não ensinam senão apenas o que é necessário para guiar no caminho da verdade, mas eles se abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa. Fornecem-lhe o princípio, os materiais: a ele cabe aproveitá-los e pô-los a funcionar." (A Gênese, de Allan Kardec).

No que concerne à abordagem da vida extraterrestre, alguns poucos, porém, importantes segmentos do movimento espírita, simplesmente não aceitam sequer que o tema possa ser discutido quando das suas reuniões, pois afirmam que esse procedimento fere o que chamam de pureza doutrinária, dando, assim, continuidade ao extravagante processo de impedir que o que é óbvio demore uns bons séculos para poder ser percebido. No caso em questão, pela própria avaliação dos cientistas, descobrir vida lá fora é uma simples questão de tempo, que não deve sequer durar mais do que o intervalo de algumas poucas décadas.

Nos próximos anos, novas tecnologias de busca estarão acopladas aos satélites o que transformará a busca pela existência de vida fora da Terra em algo tão plausível como o conhecimento que temos sobre a diversidade da natureza terrestre.

Assim, torna-se interessante perceber que o tema “vida extraterrestre”, é assunto tido como absolutamente possível e certo para os cientistas. O que muitos deles têm dificuldade em aceitar é o fato de que os ETs já possam estar visitando a Terra. Mas no meio científico, não se discute mais se existe vida ou não lá fora. Para a maioria dos cientistas, à exceção de uns poucos, é opinião corrente de que existe vida abundante por todo o cosmos e, o que hoje se discute, é “como” deve ser feita a comunicação para esta humanidade quando chegar o momento em que o aviso se tornar inevitável, isto se a descoberta da vida lá fora se der através do método científico. Porém, se um primeiro contato oficial se der, como produto da estratégia dos nossos irmãos cósmicos, outras deverão ser as providências.

Para o movimento espírita, a continuar valendo o epíteto de heresia doutrinária para o tema extraterrestre, imposta por algumas poucas pessoas que, infelizmente, entronizam as suas próprias opiniões esquecidas de escutar a dos Espíritos e de fazer valer a intenção da Espiritualidade, somente restará assumir o equívoco de considerar como sendo herético, em pleno século XXI, o que já era filosoficamente óbvio para o codificador Allan Kardec, no século XIX.

Assim tem sido e, infelizmente, continua a ser, ao longo da evolução do pensamento religioso, já que o que se tem por “verdade”, passa a ser fator impeditivo para que novas verdades, ou novos aspectos da realidade maior, possam surgir.
Ora, se essas poucas pessoas que desvirtuam o movimento espírita não prestarem atenção ao que Kardec escreveu, quem haverá de fazê-lo? Vejamos, mais uma vez, o que o codificador deixou registrado no livro A Gênese:

“Há coisas a cujo sacrifício é preciso que nos resignemos de boa ou de má vontade, quando não é possível proceder de outro modo. Quando o mundo marcha, a vontade de alguns se revela impotente para o deter: o mais sábio é segui-lo, conformando-se com o novo estado de coisas ao invés de se agarrar ao passado que se desintegra, com o risco de cair com ele.”

“Por respeito a textos considerados como sagrados, seria necessário impor silêncio à ciência? Isto é uma atitude tão impossível quanto impedir a terra de girar. As religiões, quaisquer que tenham sido, jamais ganharam nada por sustentar erros manifestos. A missão da ciência é a de descobrir as leis da Natureza; ora, como essas leis são obras de Deus, não podem ser contrárias às religiões fundadas sobre a verdade. Lançar anátema ao progresso como inimigo da religião, é lançar anátema à própria obra de Deus; ademais, é isso completamente inútil, pois todos os anátemas do mundo não impedirão que a ciência caminhe, e que a verdade venha à luz do dia. Se a religião se recusar a caminhar com a ciência, a ciência prosseguirá sozinha.”

“Somente as religiões estacionárias podem temer as descobertas da ciência; essas descobertas não são funestas senão aos que se distanciam das idéias progressivas, imobilizando-se no absolutismo de suas crenças; eles fazem em geral uma idéia tão mesquinha da Divindade, que não compreendem que o fato de se assimilarem às leis da Natureza reveladas pela ciência, é glorificar Deus em suas obras; porém, em sua cegueira, preferem com isso prestar uma homenagem ao Espírito do mal. Uma religião que não estivesse em contradição com as leis da Natureza nada teria que temer do progresso, e seria invulnerável.”

Urge uma reflexão por parte dos espíritas, em especial dos médiuns e dos dirigentes que consideram como embuste a questão extraterrena, pois será inconcebível se, daqui a alguns poucos anos, for percebido que os mesmos agiram tal qual os escribas e fariseus no tempo de Jesus, visto que não avançavam e nem deixavam avançar, não entravam e nem deixavam entrar os que queriam se iniciar nos estudos de vanguarda que levam ao desenvolvimento espiritual, única maneira de evoluir. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o reino dos céus: vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.” (Mt 23, 13).

Na segunda metade do século XIX, afrontado pelo desinteresse e resistência à mudança que a ortodoxia vigente sempre oferta às novidades que intentam surgir, Kardec preferiu desenvolver, com toda a profundidade de análise que lhe fosse possível, a temática do “espírito”, deixando, por questão de estratégia pessoal frente às forças conservadoras da época, o conceito de ser celeste — ser cósmico ou extraterreno — para o porvir. Foi compondo paulatinamente os painéis da compreensão desse outro contexto mas, ao perceber que mal conseguiria levar adiante o mister espírita, pela falta de apoio e pelo acúmulo de obstáculos que a cada momento se ajuntavam, foi distribuindo pelos artigos da Revista Espírita — lançada em 1858 — e mesmo pelas entrelinhas dos livros que estava produzindo, um pouco dessas reflexões.

E o que era o conceito de “ser celeste”, que Kardec depreendera dos seus estudos?

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